06 outubro, 2009

Confissão Inicial



Escrever demanda tempo...
Não, bem mais, escrever demanda energia, isso, energia!
Talvez por isso minha ausência no blog por tanto tempo. Se no dia-a-dia minha mente pudesse memorizar todos os textos e poemas que faço, eles não se perderiam no final do curto caminho até a faculdade, na fim da viagem de ônibus, ou na espera entre um paciente e o outro
... Pois, são nesses momentos que minha mente funciona a mil, cria, recria, edita e centraliza, e eis que, quando atravesso a porta da sala, tudo fica la fora.
É certo que alguém deve inspirar isso enquanto caminha distraidamente pelo corredor, deixando as minhas idéias impregnadas no subconciente do indivíduo, porque sempre que volto ao local que as deixei nada do que pensei está ali a minha espera.
De tudo isso, pouco me resta de tátil, diminuindo e muito a quantidade de confissões aqui presentes.

Penso também, na verdade, se os meus pensamento nada mais seriam que inspiração de uma idéia previamente lançada, cujo dono também não consegui segurar e que caminhando ofegantemente pelo atraso da hora, inspiro com força a subtância mental que começa imediatamente a fermentar em minha mente idéias alheias, simulando serem minhas... será? Nunca saberemos...

O fato é que nunca ouvi de outra boca um poema que fosse puramente meu, talvez na mentalidade alheia ele se adapte a realidade ali presente e assuma uma face que eu já não o reconheça.
Confissão feita.

08 setembro, 2009

Desafio


(...)


"Sabendo que era chegada a
hora, temeu...


Ficou parado ao lado, olhando profudamente para o objeto de metal com suas rodas grandes e empoeiradas sentido suas pernas reclamarem da idéia que a mente estava fermentando.

Seria ainda capaz de andar sem cair? Não teria escolha, pensou. A finitude das coisas o obrigava à subir, vivera tantos anos sem andar de bicicleta e agora precisa voltar. Acostumou a uma vida onde isso não era preciso...


Ele suspirou, fez um leve impulso pra frente e tirando os pés do chão começou a sentir o vento em seu cabelo. Depois, equilibrando os pesos percebeu que não iria cair, não, ele não iria cair...

Lembrou que jamais esquecera como deve ser, apenas não lembrava.

Sorrindo por dentro, e depois por fora, percebeu que viver sem ela seria algo possível, que os anos ao seu lado tornavam-se apenas lembranças boas, e que embora sua ausência o deixasse inseguro, bastava apenas iniciar o ato pra perceber que viver - e continuar vivo - é intrínseco do ser humano, e sim... ele viveria bem, tal como estava andando de bicicleta depois de tantos anos...

- Bom dia Sr.! - Gritou o jornaleiro.

- Bom dia! Respondeu voltando a tona, apertando os freios devagar."